27.7.2023

Projeto de agroecologia no Recife transforma terrenos abandonados em hortas comunitárias

A iniciativa tem o potencial de combater a mudança do clima, garantir alimento para as populações mais vulneráveis e gerar renda

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Samantha Prado
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Imagem de uma horta de vegetais em canteiro elevado.
Foto:
Markus Spiske/ Unsplash

Combater a mudança do clima, garantir alimento para as populações mais vulneráveis e gerar renda são alguns dos principais desafios desta década – e Recife, capital de Pernambuco, colocou esses objetivos como prioridades da gestão municipal. Até 2024, a prefeitura quer implantar 180 estruturas de produção, como hortas comunitárias e pomares, e instituir a coleta de orgânicos e da compostagem em 20 escolas da rede pública.

Além da urgência diante do aquecimento global, a iniciativa também teve como catalisador os efeitos da pandemia de coronavírus. Com o isolamento social, pequenos produtores foram prejudicados pela falta de demanda, enquanto os consumidores tiveram que encontrar alternativas de alimentação para o dia a dia.

Assim, fortaleceu-se a importância de propagar hortas urbanas para encurtar o caminho entre a produção e o consumo do alimento. Além disso, pessoas em situação de vulnerabilidade social foram as mais prejudicadas. Sem renda, elas tiveram ainda mais dificuldade para se alimentarem.

Em outubro de 2021, a produção de alimentos se tornou oficialmente parte do planejamento da cidade, quando a prefeitura apresentou o Plano de Agroecologia, instrumento para nortear a política de agroecologia urbana do município.

Na mesma ocasião, Recife formalizou a adesão ao Pacto de Milão para a Política de Alimentação Urbana, um acordo internacional de prefeitos voltado para o tratamento de questões relacionadas à alimentação em nível urbano. Além do Recife, Araraquara, Curitiba, Porto Alegre, Rio de Janeiro e São Paulo também são signatários do Pacto de Milão.

Desde junho de 2022, o projeto “Agricultura Urbana – Produzindo Comida de Verdade e Gerando Qualidade de Vida”, desenvolvido pelo Centro de Desenvolvimento Agroecológico Sabiá em parceria com a Casa Mulher do Nordeste e a ONG Fase, auxilia a população a produzir seus alimentos e criar hortas comunitárias em terrenos que estavam abandonados.

A ação atendeu 280 pessoas em 15 comunidades da região e possibilitou a criação de espaços agricultáveis dentro da cidade. Em um ano de projeto, foram implantados hortas comunitárias e quintais produtivos em locais que eram de confinamento de lixo ou de aterro. No mesmo período, áreas produtivas já existentes receberam melhorias.

Ao longo do desenvolvimento do projeto, as mulheres se tornaram protagonistas da ação. Elas são 80% dos beneficiários do projeto, sendo 36% de mulheres negras. Parte das integrantes são mulheres em situação de vulnerabilidade social por terem perdido o emprego ou não terem conseguido voltar para o mercado de trabalho. 

Além de aprender as práticas de agricultura agroecológica no dia a dia, as beneficiadas do projeto participaram de um processo educacional sobre hábitos alimentares e incidência política em encontros para troca de experiências. As reuniões abordaram temas diversos, desde medicina popular a produção para comercialização de produtos.

O Plano de Agroecologia tem efeitos práticos na vida das pessoas diretamente impactadas, como no caso das mulheres produtoras, e no bem-estar da população de Recife. A recuperação de áreas deterioradas no município vai criar microclimas e evitar focos de contaminação e transmissão de doenças. Ainda, encurtar o caminho entre a produção e o consumo de alimentos também evita emissões de gases de efeito estufa que seriam lançadas na atmosfera com o transporte. A iniciativa traz bons resultados para as pessoas, para o meio ambiente e para o clima do planeta. 

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Samantha Prado
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Samantha é caiçara, jornalista e colaboradora freelancer.
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