17.05.2024

Moda sustentável: as mudanças na indústria que é uma das mais poluidoras no mundo

Sobretudo entre os mais jovens, tendências como o fast fashion tendem a diminuir
Foto: Fujiphilm/ Unsplash
Lote de roupas de cores variadas pendurado em rack de parede de madeira

Uma pesquisa da Union + Webster, divulgada pela Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), revelou que 87% da população prefere comprar peças de roupa de marcas sustentáveis. Ainda, 70% dos participantes do levantamento disseram não se importar se isso implica em preços um pouco mais altos.

O estudo sugere uma crescente importância da chamada moda sustentável, forma mais responsável de se consumir e produzir itens de moda pelo mundo. Dessa forma, preza-se por peças de maior qualidade, que durem mais e possuam em sua confecção materiais recicláveis.

Nos Estados Unidos, a situação é a mesma. Em 2023, por exemplo, o mercado de roupas usadas cresceu sete vezes mais rápido do que o de roupas novas. É o que informa o Relatório de Revenda de 2024 da loja online de artigos de segunda mão ThredUp, indicando a popularidade de um consumo que implica cada vez menos resíduos e, portanto, poluição. 

Em se tratando de uma indústria extremamente poluidora – segundo o grupo ambientalista Stand, a indústria da moda é responsável por cerca de 10% das emissões anuais de dióxido de carbono –, o avanço é bastante significativo.

“O mercado global de vestuário de segunda mão continua a florescer, o que é uma prova do valor intrínseco que os compradores encontram na experiência e uma prova da mudança em direção a um ecossistema de moda mais circular”, declarou o cofundador e CEO da ThredUp, James Reinhart.

Na mesma medida, o fast fashion, expressão que aborda a tendência em que produtos e roupas são fabricados, consumidos e descartados em um ritmo bastante acelerado, tem acumulado cada vez mais críticas. 

O sistema implica grandes quantidades de resíduos têxteis, altas emissões de gases de efeito estufa, poluição da água dos oceanos por meio dos microplásticos presentes nas fibras sintéticas e o uso frequente de mão-de-obra em condições análogas à escravidão.

De acordo com uma pesquisa de 2023 da Cone Communications, quase 30% das pessoas nascidas entre 1995 e 2010 estão preocupadas com questões como meio ambiente, direitos humanos e igualdade, o que interfere na forma como compram roupas. 

Assim, o comportamento torna-se diferente daquele exigido por quem faz uso do fast fashion, tornando-o quase impraticável por essa geração. Dessa forma, o investimento em uma moda sustentável pode agradar essa faixa etária, que compõe parte importante dos consumidores atualmente.

Diversas celebridades já se posicionaram a favor da moda sustentável. A duquesa de Sussex, Meghan Markle, por exemplo, é frequentemente vista trajando marcas que defendem o cuidado com o planeta. Gisele Bündchen, conhecida apoiadora da sustentabilidade, também é constantemente fotografada com looks do tipo.

Assim, com o apoio da geração mais jovem e de grandes nomes internacionais e nacionais, a moda sustentável avança e pode abandonar os tempos de fast fashion. Ao que tudo indica, faz parte de um comportamento cada vez mais ambientalmente responsável por parte da população e, principalmente, do consumidor.

Jornalista formada pela ECA-USP e graduanda em Direito pela PUC-SP

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