Há vários anos, o mundo debate a melhor forma de realizar a transição energética, em que deixará para trás as formas de energia mais danosas ao meio ambiente em nome de formas de energia renovável, a exemplo da solar.
Recentemente, um novo estudo apontou que essa transição pode estar mais perto do que se imagina: de acordo com a pesquisa, realizada por cientistas da Universidade de Exeter e da Universidade de Londres, a energia solar deve ser a fonte dominante no mundo antes do ano de 2050, mesmo sem o incentivo de políticas climáticas ambiciosas.
Energia solar é aquela captada da luz e do calor emitidos pelo Sol, sendo considerada uma fonte de energia limpa. Ao ser captada por painéis, ela é convertida em energia elétrica ou térmica, sendo utilizável para esses fins.
Existem, é claro, obstáculos para o objetivo de fazer da energia solar a mais usada no planeta até 2050. O levantamento aponta quatro barreiras que podem retardar a transição energética: a criação de redes elétricas estáveis, o financiamento de energia solar em economias em desenvolvimento, a capacidade das cadeias de fornecimento, e a resistência política de regiões economicamente dependentes de combustíveis fósseis.
Cenário brasileiro
No Brasil, a situação ainda não é completamente otimista. Apenas cerca de 13% de toda a matriz elétrica brasileira corresponde ao uso de energia solar. A geração dessa forma de energia está localizada principalmente em estados do sul, sudeste e nordeste do país, deixando para trás o norte e o centro-oeste.
Mas a situação está avançando. Em 2022, o Brasil terminou o ano na oitava colocação no ranking mundial de geração de energia solar. Somente cinco anos antes, o país estava no vigésimo sexto lugar. Em parte, esse progresso se deve à queda do preço das fontes solares, necessárias para o funcionamento dos mecanismos de captação de energia. Em 2013, o preço médio do equipamento batia os R$ 103. Já em 2022, foi para R$ 32,34.
Há, no entanto, alguns problemas que acompanham a ascensão da energia solar. Afinal, todas as fontes de energia, mesmo as renováveis, produzem impactos ambientais. Por exemplo: existem bilhões de painéis solares pelo mundo, os quais precisarão ser descartados eventualmente. Isso gera enormes quantidades de lixo, com o qual será difícil de lidar.
Ainda, algumas aves podem ser prejudicadas pela instalação dos painéis solares. Como são espelhados, eles podem interferir na localização de algumas espécies de pássaros, além de gerar um calor que potencialmente pode machucar outros animais que se aproximem demais.
Eficiência energética
Por outro lado, há diversos benefícios que vêm junto com o investimento em energia solar. Um bom exemplo é o fato de que casas com painéis instalados podem gerar a sua própria eletricidade renovável, economizando até 95% na conta de luz. Além disso, é preciso notar que a energia vinda do Sol é praticamente infinita e não faz barulho. Desse modo, ela pode ser instalada em locais remotos onde outros tipos de energia não chegam.
Dessa maneira, pode-se perceber que há diversos pontos positivos e negativos relativos ao uso da energia solar. No entanto, é inegável que essa fonte de eletricidade é renovável e polui muito menos o meio ambiente do que as fontes de energia que atualmente são mais utilizadas, como o carvão.
Assim, embora seja imprescindível medir as vantagens e desvantagens antes de se implantar painéis de energia solar, por ora, ela parece muito mais benéfica para o planeta do que as opções não renováveis.
Energia eólica
Hoje, a energia eólica é a terceira mais utilizada no país. Devido a aspectos como o relevo e as condições atmosféricas, a região com maior potencial eólico é o Nordeste, produtor de mais de 85% de toda a energia eólica produzida no país. Nesse sentido, a Bahia desponta em primeiro lugar, atraindo diversos investimentos e projetos de instalação de parques eólicos. Em segundo lugar, vem a região sul, com pouco mais de 11%.
Apesar de ser considerada limpa, assim como todos os outros tipos de energia, ela gera resíduos e coleciona algumas desvantagens. Exemplo disso é o fato de que as turbinas eólicas representam grande perigo a animais voadores, como pássaros e morcegos, que podem se chocar contra as hélices em movimento.
Além disso, o constante movimento das turbinas produz um ruído bastante alto, que costuma gerar poluição sonora e influenciar negativamente as vidas das pessoas que vivem perto dos parques eólicos. Por fim, a produção de energia eólica pode ser considerada irregular, uma vez que depende estritamente de um fenômeno natural.
Há uma outra questão, de cunho mais humano, que envolve a produção de energia eólica. A expansão da instalação de turbinas pelo Nordeste tem sido bastante controversa por envolver a tomada de áreas que não estavam desocupadas. Apenas na Bahia, pelo menos 11 municípios enfrentam conflitos com empresas do setor. O embate com as comunidades tradicionais que habitam essas terras, porém, não tem impedido as corporações da energia eólica de avançar pelo Nordeste.
Gestão de resíduos
O crescimento e a expansão dessa forma de energia renovável trouxeram uma nova preocupação, ligada à maneira de gerir os resíduos por ela produzidos. Aproximadamente 15% do peso dos componentes dos aerogeradores não é considerado reciclável, o que representa uma grande quantidade de resíduos. Para tentar combater o problema, indústrias eólicas da Europa se comprometeram a reutilizar, reciclar ou recuperar a totalidade das pás desmontadas até o ano de 2025, o que será um grande desafio.
É preciso mencionar, contudo, que a instalação de parques eólicos acaba por criar empregos nas regiões escolhidas para tanto. De acordo com projeções da Confederação Nacional da Indústria, serão criadas cerca de 17 mil vagas no sertão do nordeste até 2025. Para uma região frequentemente assolada pela pobreza, a geração de vagas de trabalho pode ser considerada bastante positiva.
Cercada de polêmicas e dificuldades, a implantação da energia eólica simboliza uma fatia cada vez mais significativa dentro da realidade brasileira. Enquanto os números crescem, será necessário lidar com os obstáculos impostos pelo fator humano e ambiental para que o país possa desfrutar totalmente dessa energia, que é significativamente mais limpa do que fontes ligadas ao carvão, hoje predominantes no mundo.