Um novo modelo de desenvolvimento para a Amazônia Legal geraria benefícios para as pessoas, para os negócios e para a natureza. De quebra, a estratégia pode impulsionar a descarbonização da economia brasileira. Isso é o que aponta o estudo Nova Economia da Amazônia, lançado na última semana de junho. O relatório foi produzido pelo WRI Brasil em parceria com 76 pesquisadores de instituições acadêmicas de norte a sul do país.
A partir de uma combinação inédita de dados e modelos econômicos, o relatório demonstra que a promoção de atividades livres de desmatamento e de baixa emissão de carbono levaria a um crescimento maior, mais qualificado e inclusivo até 2050, contribuindo para reverter a trajetória de degradação da floresta.
Com foco nos maiores emissores de carbono (como agropecuária, uso da terra e energia), os pesquisadores analisaram cadeias produtivas, sistemas de energia, formularam cenários com indicadores econômicos e quantificaram investimentos necessários, que seriam de 1,8% do PIB ao ano.
O estudo também se baseia em cadeias de setores da bioeconomia amazônica para demonstrar como um produto local pode, ao mesmo tempo, preservar a floresta e agregar valor ao território.
Um exemplo é a cadeia do açaí, que conseguiu permear periferias e comunidades rurais, gerando renda para todos os elos da cadeia produtiva. Hoje, é um produto consumido e comercializado em todo o país e se tornou um exemplo de modelo de economia urbana voltada para um produto da floresta.
O relatório faz quatro projeções de cenários, combinando as restrições de emissões e desmatamentos. Nenhuma combinação de meios tecnológicos e energéticos seria capaz de neutralizar as emissões resultantes do desmatamento requisitado pela expansão agropecuária, segundo o relatório.
Ou seja: “zerar o desmatamento é indispensável não apenas para atingir as metas domésticas e globais para conter o aquecimento global a 1,5°C, como também para estimular uma nova rota de crescimento intensivo”, diz o estudo.
Para se ter uma dimensão, a Amazônia Legal representa atualmente 53% das emissões totais de gases de efeito estufa do Brasil. Ao analisar apenas as emissões nacionais resultantes da agropecuária e do uso da terra, a participação da região sobe para 67%.
Segundo o relatório, os três maiores desafios para a agropecuária na transição para a Nova Economia da Amazônia são: uso estratégico do solo; a intensificação produtiva das práticas de baixa emissão de carbono e o combate à desigualdade rural, que deve ser feito “pelo acesso prioritário e privilegiado da agricultura familiar ao crédito, aos instrumentos de mitigação de risco, às assistências técnica e gerencial customizadas (inclusive para produtos da bioeconomia), e mercados diferenciados, institucionais e com denominação de origem”.
Você pode ler o estudo completo aqui.