No próximo dia 16, o World Cleanup Day, ou Dia Mundial da Limpeza, vai movimentar cidades em diferentes países para incentivar a população a limpar praias, rios e mares como uma forma de proteger a natureza e conscientizar as pessoas sobre os efeitos da ação humana sobre o meio ambiente.
De acordo com os organizadores do evento, 197 países e territórios participarão da mobilização, que deve atrair dezenas de milhões de voluntários e resultar na coleta de centenas de milhares de resíduos pelo planeta.
Em um cenário como o atual, em que grande parte dos países não descarta o lixo de forma sustentável, dias como esse podem ser de extrema importância.
Tomando o Brasil como exemplo: cada pessoa produz, em média, 381 quilos de resíduos anualmente. O país é considerado o quarto no mundo que mais produz lixo, atrás apenas de Estados Unidos, China e Índia, conforme o estudo Solucionar a Poluição Plástica: Transparência e Responsabilização, realizado pela ONG ambientalista WWF.
De acordo com a Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais, apenas 4% desse total passa por processos de reaproveitamento ou reciclagem. Além disso, 40% do que se produz de lixo no Brasil tem como destino aterros ou lixões, locais extremamente impróprios para esse fim.
Sabe-se ainda que cerca de metade das cidades do país não contam com políticas de reciclagem ou aterros sanitários, e, embora três em cada quatro municípios apresentem alguma forma de iniciativa de coleta seletiva, costuma se tratar muito mais de ações e projetos pontuais do que programas contínuos de zelo pelo meio ambiente.
Para além dos danos causados na natureza, existem também os prejuízos econômicos: de acordo com um levantamento do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), apenas a poluição por plástico gera mais de 8 bilhões de dólares de perdas à economia global. Os principais culpados são seus efeitos nos setores pesqueiro, de comércio marítimo e turismo.
Para frear o avanço dessa poluição, a Organização das Nações Unidas (ONU) adotou, em junho, o Tratado do Alto Mar, espécie de marco legal que aumenta as faixas de proteção ambiental para incluir águas internacionais.
O documento deve entrar em vigor após ser ratificado por 60 nações. Um pouco antes disso, em março de 2022, foi aprovada uma resolução com o objetivo de acabar com a poluição plástica.
Espera-se que o tratado inclua disposições técnicas que abordem desde o uso abusivo de plástico na confecção de determinados produtos até o impulsionamento da economia circular, conceito que se baseia na redução, reutilização, recuperação e reciclagem de materiais como o plástico.
É importante destacar que a poluição gerada pelo mau descarte de resíduos pode ter inúmeros impactos negativos no planeta, como a contaminação de solos e lençóis freáticos ou de fertilizantes usados para cuidar das lavouras de onde vêm os alimentos que ingerimos.
Agravando ainda mais a situação brasileira, recentemente a nação entrou na mira do comércio de lixo ilegal, transformando-se em um destino de resíduos para países da Europa e para os Estados Unidos.
Trata-se de uma estratégia criminosa que, ilegalmente, movimenta toneladas de resíduos pelo mundo e envia resíduos de um país para o outro, de forma que o “exportador” pode se ver livre de ter que lidar com aquele material.
Para especialistas, parte significativa dos problemas enfrentados pelo Brasil quando o assunto é resíduo passa pela construção de parcerias entre diferentes grupos da sociedade, desde o governo até o setor privado.
Afinal, para lidar com as quantidades gigantescas de lixo que um país com mais de 210 milhões de habitantes deve enfrentar, é preciso lançar mão de toda a ajuda possível.