22.04.2024

Dia da Terra: a importância da data e as conquistas históricas desde a década de 70

Em 2024, a poluição plástica é o tema de destaque para despertar a conscientização da sociedade
Foto: NASA
Terra vista do espaço com nuvens acima do continente africano

No dia 22 de abril, celebra-se o Dia da Terra. A data mobiliza empresas multinacionais, representantes da sociedade civil e indivíduos engajados com o meio ambiente para mostrar, de uma forma mais incisiva, a preocupação com a proteção da natureza. Enquanto hoje a data é um marco anual para valorizar o mundo natural, foram necessárias algumas edições para construir a tradição e colecionar conquistas com a mobilização social. 

O Dia da Terra começou a ser celebrado no ano de 1970 nos Estados Unidos. A data foi estabelecida por Gaylord Nelson, senador norte-americano e ambientalista, e Denis Hayes, então estudante da Universidade Harvard. A ideia era engajar pessoas e levar assuntos ligados ao meio ambiente à discussão em âmbito nacional.

Na primeira edição da celebração, cerca de 20 milhões de pessoas pelo país foram às ruas. Duas décadas mais tarde, a comemoração ganhou outras nações, e hoje atrai mais de um bilhão de indivíduos em quase 200 países, de acordo com os organizadores.

Como consequência da efeméride, já foram observados o plantio de milhões de árvores e o início de diversos projetos de conscientização ambiental pelo planeta. Além disso, o dia faz com que o assunto do meio ambiente seja discutido nacional e internacionalmente, possivelmente impulsionando agendas políticas ligadas à natureza.

Em 2024, o tema do evento é “Planeta versus Plásticos”, com o objetivo de aumentar a conscientização sobre a poluição plástica. A edição vem logo antes da penúltima reunião para discutir o Tratado Global Contra a Poluição Plástica, da Organização das Nações Unidas (ONU), acordo global que deve ser encerrado até o final do ano. De acordo com os organizadores do Dia da Terra, a meta é reduzir em 60% a produção de todos os tipos de plástico até o ano de 2040.

A evidência para o tema com uma data de repercussão mundial mostra como a questão dos plásticos é um desafio global. Atualmente, mais de um milhão de garrafas de água plásticas são vendidas por minuto. Além disso, 11 milhões de toneladas de lixo plástico são despejadas nos oceanos todos os anos. 

Segundo um estudo publicado no periódico científico Science Advances, nas últimas seis décadas, cerca de oito bilhões de toneladas de plástico foram produzidas, sendo que apenas 9,5% foram reciclados. Por mais que a reciclagem seja importante para enfrentar o problema como um todo, é preciso reduzir a produção de novos itens feitos de plástico de forma drástica, principalmente os de uso único. 

O tema também é muito importante no sentido da saúde humana. Microplásticos – pequenos pedaços de plástico com 5 milímetros ou menos – já foram encontrados no coração humano, na placenta e até em artérias. Além da poluição visível a olho nu na natureza, há impactos ainda pouco compreendidos no próprio organismo humano. 

Apesar de poder parecer benéfico para o meio ambiente, o aproveitamento do Dia da Terra não é exatamente unanimidade. Algumas empresas já foram acusadas de fazer da data uma oportunidade de promover sua imagem sem realizar de fato as transformações implicadas pela data. Trata-se do greenwashing, prática em que uma marca constrói uma falsa aparência de ser sustentável sem efetivamente aplicar os mecanismos necessários para ter uma imagem verde de verdade.

Mas nem só o setor privado pode contribuir para o Dia da Terra; também há muito que pode ser feito a nível individual. De acordo com os organizadores do evento, algumas das ações que podem ser tomadas para o bem do planeta são: aderir às refeições baseadas em plantas, combater a fast fashion e usar talheres reutilizáveis.

Percebe-se, pois, que existe, em todos os níveis, algo que pode ser feito em nome da Terra. Por ora, o dia 22 de abril continua sendo uma data importante para colocar o planeta no centro das discussões – e, quem sabe, em 2024, levar a uma diminuição radical da produção e da poluição por plástico.

Jornalista formada pela ECA-USP e graduanda em Direito pela PUC-SP

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