Nos dias 8 e 9 de agosto, a cidade de Belém, capital do Pará, recebeu a Cúpula da Amazônia. A menos de quatro meses da realização da COP-28 em Dubai, nos Emirados Árabes, os países que compartilham a Amazônia em seus territórios se preparam para chegar à principal conferência sobre mudança do clima da ONU com um plano para o desenvolvimento sustentável da floresta.
Além dos oito países amazônicos, lideranças da França, da Alemanha e da Noruega, principais doadores do Fundo Amazônia, e da República Democrática do Congo e República do Congo, Indonésia e São Vicente e Granadina estarão na Cúpula.
Um dos principais objetivos do encontro será discutir a Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA), único bloco socioambiental na América Latina e único mecanismo internacional sediado no Brasil. Os oito países da Amazônia assinaram o tratado em 1978 “com o objetivo de promover o desenvolvimento harmônico dos territórios amazônicos, de maneira que as ações conjuntas gerem resultados equitativos e mutuamente benéficos para alcançar o desenvolvimento sustentável”.
Agora, a Cúpula foi organizada para retomar a proposta inicial da OTCA e alinhar os objetivos de cada país para que, em conjunto, seja possível desenhar uma estratégia que abranja os diferentes territórios. Por exemplo, o governo do Brasil – que tem a maior porção da floresta – quer defender o desmatamento zero, mas também quer explorar petróleo na Margem Equatorial, onde está localizada a Foz do Amazonas. Por outro lado, outras nações não têm o mesmo compromisso com o combate à derrubada da floresta e estão dispostas a renunciar à exploração de combustíveis fósseis.
Como resultado do encontro, os chefes de Estado vão assinar a Declaração de Belém, uma espécie de plano para o desenvolvimento da região. De acordo com a secretária-geral da Secretaria Permanente da OTCA, María Alexandra Moreira López, “a declaração é um compromisso inédito e ousado, com uma visão integral e que tenta entender a Amazônia dentro da sua grande dimensão”.
Na abertura do evento, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva mostrou a visão brasileira sobre a floresta: “A Amazônia não é e não pode ser tratada como um grande depósito de riquezas. Ela é uma incubadora de conhecimentos e tecnologias que mal começamos a dimensionar. Aqui podem estar soluções para inúmeros problemas da humanidade – da cura de doenças ao comércio mais sustentável. A floresta não é um vazio a ser ocupado, nem um tesouro a ser saqueado. É um canteiro de possibilidades que precisa ser cultivado”.