Entre os dias 30 de novembro e 12 de dezembro, ocorrerá em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, a 28ª edição da Conferência das Partes (COP, na sigla em inglês), evento anualmente realizado pela Organização das Nações Unidas (ONU) para definir as ações para combater a mudança climática. Entre os principais assuntos a serem debatidos na reunião estão a transição para energias renováveis e a descarbonização da indústria.
A COP-28 terá ainda como uma de suas metas a análise do cumprimento de objetivos estabelecidos no Acordo de Paris, em 2015, quando 195 países firmaram o tratado para reduzir drasticamente a emissão de gases de efeito estufa e evitar o aquecimento do planeta para além de 1,5°C até o final deste século.
Diversas polêmicas rondam a 28ª edição da conferência, sobretudo no que diz respeito à escolha dos Emirados Árabes Unidos como anfitrião do evento. Além de ser petroleiro – e, portanto, ter interesses na continuidade da exploração de combustíveis fósseis, que emitem gases de efeito estufa –, o país tem um histórico de repressão a ativistas e defensores do meio ambiente.
Dessa forma, da mesma maneira como aconteceu em 2022 com a realização da conferência no Egito, país que também vive sob um regime autoritário, pode-se argumentar que o local está longe de ser ideal para abrigar uma discussão que visa, sobretudo, beneficiar o planeta.
Outro fator que alimenta essa perspectiva é o fato de que o presidente da COP-28, Sultan Al Jaber, é também o CEO da companhia nacional de óleo e gás, o que pode indicar que não faria parte de seus interesses advogar pelo uso de energias renováveis.
Por outro lado, as nações do Oriente Médio estão entre as mais ameaçadas pela mudança climática, de acordo com a própria ONU. Assim, é importante que esses países se tornem parte do debate, a fim de proteger não só os seus próprios interesses, mas o bem-estar do meio ambiente de forma geral.
A reunião preparatória para a COP28, em Bonn, na Alemanha, indicou uma divisão de interesses. Enquanto nações da União Europeia sugeriam uma maior força das alternativas de mitigação dos efeitos da mudança climática, os países latino-americanos insistiam na importância do financiamento climático.
Seguindo a mesma tendência dos anos anteriores, a 28ª edição da Conferências das Partes provavelmente será mais complexa do que o ideal para avançar em questões estratégicas, principalmente por envolver desejos e prioridades distintos.
O histórico do Brasil em debates sobre o clima é bastante notável. Em 2022, na COP-27, o país homologou as promessas feitas no Acordo de Paris, consistentes na redução em 37% de suas emissões de gases de efeito estufa até o ano de 2025 e em 50% até 2030.
Ainda, fixou-se o compromisso de atingir a neutralidade climática até a metade do século. Existe, pois, a possibilidade de que o país figure entre os protagonistas da conferência em 2023.
De qualquer forma, espera-se que o evento ajude a medir o quão próximo o mundo está de cumprir os objetivos ambientais por ele estabelecidos. Por meio de debates e concessões, os países participantes da conferência devem, a exemplo de outras COPs, chegar a acordos quanto ao que deve ser estabelecido para os próximos anos, de modo a organizar metas que miram na mitigação dos efeitos da mudança climática pelo planeta.