21.03.2024

Clima de inovação: cinco temas do SXSW ligados à sustentabilidade

Festival que acontece nos Estados Unidos conta com temas como perda de biodiversidade e desenvolvimento sustentável
Foto: MJ Tangonan/ Unsplash
Rio perto de edifícios durante o dia
Centro de Austin, no Texas, cidade que recebe o SXSW

Entre os dias 8 e 16 de março, a cidade de Austin, Texas, nos Estados Unidos, sediou o South by Southwest (SXSW), considerado um dos maiores festivais de inovação do mundo. 

Em 2024, o Brasil é o país com a maior delegação internacional da SXSW, com cerca de 2.300 brasileiros comparecendo à feira. A quantidade de iniciativas brasileiras que se apresentam no evento vem crescendo nos últimos anos. Neste ano, mais do que nunca, o tema da sustentabilidade está em destaque no evento, que conta com a participação de empresas e startups brasileiras.

Exemplo disso é o trabalho da Flow.Ers, empresa brasileira liderada por Wal Flor. Desde 2018, ela trabalha junto ao festival com o objetivo de levar cada vez mais marcas brasileiras ao palco. A ideia é mostrar ao mundo a forma como o Brasil está implementando soluções inovadoras para lidar com os desafios apresentados. 

“Participar do SXSW é importante porque uma das principais características que os brasileiros possuem é a criatividade, e, para lidar com os grandes desafios globais de uma forma inovadora, a gente precisa trazer essa nossa criatividade para o palco”, opina Wal. “O SXSW é um lugar de convergência, onde se pode encontrar pessoas, discutir e refletir sobre qual mundo queremos e que realidade queremos construir.”

Nesse cenário, cada vez mais se fala sobre temas verdes e a integração entre tecnologia e desenvolvimento sustentável. Veja, a seguir, cinco temas do SXSW que têm relação com assuntos como a mudança climática, a perda da biodiversidade e a descarbonização das economias. 

Bioeconomia: como prosperar na Amazônia

Com a líder indígena Txai Suruí, a diretora de sustentabilidade da Natura&Co, Angela Pinhati, e a ativista norte-americana Colette Pichon Battle, a Natura decidiu abordar o assunto de como o uso da biodiversidade, aliado à tecnologia, a técnicas científicas e ao conhecimento das comunidades tradicionais pode ajudar a preservar o ecossistema ambiental da Floresta Amazônica. “As mudanças climáticas estão causando generalizadas rupturas na natureza e no tecido social do Brasil e do mundo, afetando, principalmente, as populações mais vulneráveis”, declarou Angela Pinhati.

A meta da exposição era falar principalmente sobre a importância do desenvolvimento sustentável, trazendo experiências e pontos de vista de lideranças globais essenciais ao ativismo climático. Pinhatti enfatizou o fato de que a Natura utiliza técnicas regenerativas na Amazônia há décadas, aproximando a bioeconomia e a inovação.

Alterações climáticas

Essa trilha teve como objetivo apresentar ideias sobre como minimizar os efeitos do aquecimento global, a exemplo do aumento do nível dos oceanos. Neste ano, foram 45 painéis dedicados ao assunto, que debatem desde soluções para a agricultura até ativismo e táticas para reduzir a pegada de carbono.

Entre as palestras apresentadas, estão “como fazer a reciclagem funcionar”, “a alma e ciência da agricultura regenerativa”, “uma indústria musical mais verde” e “investindo nos nossos oceanos”.

Energia

23 palestras foram apresentadas sobre energia. Alguns dos temas abordados foram “reimaginando o uso de energia com tecnologias digitais”, “narrativas não convencionais de energia e sabedoria das primeiras nações”, “um desafio de 20 trilhões de dólares: financiando a transição energética” e “energia atômica e inteligência artificial”.

O MIT divulgou no SXSW um relatório em que lista as dez tecnologias responsáveis pelos maiores impactos no mundo no ano anterior. 

Há dois exemplos: o primeiro se trata de uma nova tecnologia de energia solar que vem batendo recordes em termos de eficiência baseada no uso do mineral perovskita em conjunto com o silício, e o segundo está relacionado a novas técnicas de perfuração para a obtenção de energia geotérmica, considerada limpa e praticamente ilimitada.

Tecnologia

O CEO da Uber, Dara Khosrowshahi, e o prefeito de Austin, Kirk Watson, participaram de uma conversa sobre como a indústria e o poder público podem lançar mão da tecnologia como forma de combater a mudança climática. Além disso, foi debatido o futuro da mobilidade e da entrega pelo mundo.

De acordo com Khosrowshahi, a Uber já conta com planos para 2030 que envolvem veículos elétricos nos Estados Unidos e na Europa. Até 2040, a ideia é evitar carros que emitem gases de efeito estufa em todo o mundo.

Ciência

No primeiro dia da feira, Ben Lamm, CEO e fundador da empresa Colossal Biosciences, conversou com o ator e diretor Seth Green para discutir os recentes progressos no campo do uso da biotecnologia para preservar espécies em perigo de extinção e para reintroduzir espécies extintas ao meio ambiente. 

A Colossal Biosciences é conhecida como a empresa que pretende trazer de volta à vida o mamute-lanoso, animal que há muito desapareceu do planeta. Assim, entra em debate outro aspecto da ciência: o potencial de, assim como aconteceu no famoso filme Jurassic Park, trazer de volta à Terra animais extintos há anos.

Segundo Lamm, é melhor contar com essa possibilidade e eventualmente não utilizar as técnicas necessárias para “ressuscitar” uma espécie do que precisar desse método e não o ter à disposição.

“Quando as pessoas pensam em ‘desextinção’, elas costumam separar o assunto da preservação das espécies. Os sistemas tradicionais funcionam, mas não tão rápido quanto a velocidade em que estamos destruindo o planeta”, afirmou.

Jornalista formada pela ECA-USP e graduanda em Direito pela PUC-SP

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