24.04.2023

Recuperar a vida selvagem pode reduzir efeitos da mudança do clima

A dinâmica de absorção e armazenamento de carbono muda com a presença ou a ausência de animais, o que demonstra como a interação entre a biodiversidade e o meio ambiente é um elo essencial para o planeta
Foto: Thomas Lipke/ Unsplash
Imagem de uma majestosa cauda de baleia emerge da superfície da água.

Proteger a vida selvagem pode melhorar significativamente a captura natural e o armazenamento de carbono e potencializar ecossistemas que são sumidouros de carbono. 

As conclusões fazem parte de um estudo liderado pela Universidade de Yale, nos Estados Unidos, e publicado no periódico Nature Climate Change com a coautoria de 15 cientistas de oito países.

Os pesquisadores analisaram nove espécies de vida selvagem: peixes marinhos, baleias, tubarões, lobos cinzentos, gnus, lontras marinhas, bois almiscarados, elefantes africanos e bisões americanos.

Os dados mostraram que proteger ou restaurar suas populações poderia facilitar coletivamente a captura adicional de 6,41 bilhões de toneladas de dióxido de carbono anualmente. 

Isso representa 95% da quantidade anual necessária para cumprir a meta do Acordo de Paris e remover carbono suficiente da atmosfera para manter o aquecimento global abaixo do aumento de temperatura de 1,5ºC.

De acordo com o professor de Ecologia de Populações e Comunidades, Oswald Schmitz, “as espécies selvagens, em toda a sua interação com o meio ambiente, são o elo perdido entre a biodiversidade e o clima”. 

“Essa interação significa que o reflorestamento pode estar entre as melhores soluções climáticas baseadas na natureza disponíveis para a humanidade”, disse.

Animais selvagens desempenham um papel crítico no controle do ciclo do carbono em ecossistemas terrestres, de água doce e marinhos por meio de vários processos, como a busca por alimentos, a deposição de nutrientes e dispersão de sementes, entre outros. 

Segundo a pesquisa, a dinâmica de absorção e armazenamento de carbono muda completamente com a presença ou ausência de animais. Por isso, ameaçar as populações de animais a ponto de se tornarem extintos pode transformar os ecossistemas que funcionam como sumidouros de carbono (aqueles onde o carbono é absorvido) em fontes de emissão de carbono.

Nos últimos 50 anos, as populações de vida selvagem do mundo diminuíram quase 70% nos últimos. O estudo mostra que resolver a crise climática e a crise da biodiversidade não são questões separadas e a restauração das populações animais deve ser incluída no escopo das soluções climáticas baseadas na natureza.

“Soluções climáticas naturais estão se tornando fundamentais para atingir as metas do Acordo de Paris, ao mesmo tempo em que criam oportunidades adicionais para melhorar a conservação da biodiversidade”, diz o estudo. 

“Ignorar os animais leva a oportunidades perdidas de aumentar o escopo, a extensão espacial e a variedade de ecossistemas que podem ser incluídos para ajudar a manter o aquecimento climático em 1,5ºC”.

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