A poluição dos rios é um problema socioambiental crônico no Brasil. De acordo com dados de 2021 da ONG ambientalista SOS Mata Atlântica, apenas 10% dos corpos d’água monitorados pela instituição no país possuem níveis de boa qualidade. A expansão urbana desordenada aliada ao desenvolvimento da indústria e das atividades agrícolas são as principais causas da poluição.
Nos últimos dez anos, o projeto Monitoramento Contínuo de Rio (Moncor), desenvolvido pelo Departamento de Energia Elétrica da Universidade Federal do Paraná (UFPR), investiu no aprimoramento de um método de análise em parceria com comunidades. A intenção do estudo é avançar na tecnologia de monitoramento da água por meio de sensores eletrônicos que apontam, em tempo real, mudanças como temperatura, nível de turbidez e condutividade elétrica da água.
Com esse tipo de informação, torna-se possível agir rapidamente quando necessário. A coleta de informações permite evitar problemas capazes de afetar a qualidade da água e auxiliar em planos de despoluição. Por exemplo, o estudo mostrou que o aumento do índice de água turva pode ser um indicador de esgoto despejado no corpo d’água, característica que poderia ser confundida com o efeito de uma chuva.
“Estudando as mudanças e as correlações entre esses índices, podemos compreender o que eles significam em conjunto”, explica o professor Eduardo Parente Ribeiro, coordenador do Moncor.
Para isso, o projeto conta com uma rede de sensores espalhados pelo córrego Tarumã, na Zona Leste de Curitiba. As informações coletadas podem ser acessadas pela internet, em tempo real, por pesquisadores e moradores dos bairros no entorno do Tarumã.
Ao longo de dez anos de monitoramento, o envolvimento da comunidade permitiu a troca de informações valiosas sobre o cotidiano do riacho. Os moradores são colaboradores constantes da pesquisa e essenciais para enviarem relatos sobre alterações no rio, como o cheiro e a presença de espuma, entre outras variações.
Para ampliar as análises de indicadores, o projeto estuda levar uma segunda operação para o córrego Aviário, que faz parte da bacia do rio Belém — que reúne os rios mais poluídos de Curitiba — e corta o Centro Politécnico da UFPR. Além disso, os pesquisadores estão desenvolvendo kits de monitoramento com sensores e de baixo custo.