A Caatinga, considerada o único bioma 100% brasileiro, é conhecida por seu clima árido e altas temperaturas e por se espalhar por grande parte do nordeste do país. Esse bioma está sob risco: de acordo com um estudo publicado no periódico científico Journal of Ecology, se nenhuma medida for tomada em relação à preservação da Caatinga, mudanças nos padrões de chuvas e nas temperaturas podem levar à perda de espécies vegetais em 99% do território ocupado por esse ecossistema até 2060.
Além disso, 40% da Caatinga passará por um processo em que vegetações específicas de determinadas porções do território perderão espaço para plantas comuns, fazendo com que a composição da Caatinga seja mais homogênea – ou seja, menos rica.
O nome “Caatinga” vem do tupi-guarani e significa “mata branca”, característica assumida pela vegetação durante as épocas de seca, quando as folhas se esvaem e permanecem apenas os troncos brancos das árvores no horizonte. O bioma é considerado um dos mais vulneráveis aos efeitos da mudança climática no Brasil.
Ainda, a região sofre com outros tipos de ações que partem das mãos do homem, a exemplo do desmatamento. Com o objetivo de monitorar a mudança de cobertura vegetal das matas secas que compõem esse ecossistema ao longo do tempo, o Mapbiomas criou um sistema que usa imagens de satélite para emitir um aviso toda vez que uma ação suspeita de desmatamento é identificada.
O levantamento indicou o crescimento do desmatamento na Caatinga com um salto de 87% entre os anos de 2020 e 2021. Entre os motivos, aponta-se, por exemplo, a instalação de parques eólicos.
A importância biológica e cultural da Caatinga para o Brasil é gigante. Em setembro, entidades socioambientais passaram a buscar de forma mais assertiva o reconhecimento da Caatinga (assim como do Cerrado) como patrimônio nacional.
Para esses grupos, é essencial a aprovação de propostas que incluam esses dois biomas na Constituição Federal, da mesma maneira como já aconteceu com a Floresta Amazônica, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o Pantanal Mato-Grossense e a Zona Costeira.
Ainda que esteja no Plenário da Câmara dos Deputados desde 2013, a chamada PEC do Cerrado e da Caatinga enfrenta oposição das bancadas mais próximas ao agronegócio. Desde 2020, cerca de R$ 15 milhões foram destinados à recuperação vegetal do bioma.
Embora possa parecer bastante, trata-se de um ecossistema que se espalha por mais de 10% do território nacional, de acordo com o IBGE. Portanto, é uma grande área para se proteger – e grandes quantidades de recursos serão necessárias. Mais do que isso: a região abriga 27 milhões de pessoas, muitas das quais dependem diretamente do bioma para sobreviver.