Atualmente, falar em sustentabilidade a nível corporativo é falar em ESG, sigla que, em inglês, quer dizer ambiental (environmental), social e governança (governance). O significado disso é bastante amplo, mas aponta principalmente para o fato de que as empresas que não apostam em nenhuma dessas três áreas não têm sido tão bem-vistas pelo mercado ou pelos consumidores.
A tendência ESG começou perto de 2015, quando, na Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas em Paris, 196 países se comprometeram a tomar medidas contra as mudanças climáticas com o objetivo de zerar suas emissões de carbono até 2050. A nível corporativo, intensificou-se o movimento ESG.
Trata-se de um conjunto de práticas e condutas com a meta de definir se determinada empresa é sustentável, socialmente consciente e bem gerenciada. De forma geral, busca-se medir se a corporação é uma opção viável e positiva de investimentos.
A ideia é de que os âmbitos do propósito ambiental, social e de governança e o lucro são igualmente importantes e inseparáveis, de forma que o dinheiro e os recursos dependem da existência do ESG em uma empresa.
Existem diversas medidas que o setor corporativo pode tomar para se adequar ao ESG. Alguns exemplos são a preocupação com o aquecimento global, a pegada de carbono, a poluição e a gestão de resíduos, investimentos na diversidade dentro das equipes e o comprometimento com as leis trabalhistas e a atenção ao compliance e à ética, à transparência e à boa relação com entidades governamentais.
Tripé da sustentabilidade
A importância do tripé que engloba questões ambientais, sociais e de governança tem sido bastante debatida nos últimos tempos. Se, por um lado, existem os defensores da prática, que afirmam que ela leva investimentos a pontos importantes da vida empresarial, há quem diga que a ideia não passa de uma estratégia para enganar consumidores.
Por meio do ESG, argumentam, alguns negócios têm realizado pequenas mudanças, ao todo quase insignificantes, evitando realizar alterações notáveis e garantindo a certificação ESG ao mesmo tempo. Dessa forma, alguns especialistas acreditam que o termo em si próprio se tornou uma sigla desprovida de significado concreto, servindo apenas como um modo de tentar se destacar dentro do seu próprio setor.
Não faltam exemplos de empresas que investem de fato no ESG. É o caso da Suvinil, que tem criado programas focados na reciclagem da tinta que seu consumidor não usa por meio do recolhimento de latas e restos de tinta que são levados de volta para a cadeia produtiva, de modo a economizar recursos. Outro exemplo é o de marcas como Apple, Facebook e Pfizer, que já anunciaram investimentos combinados na casa dos R$ 1,7 bilhão de reais em nome da promoção de causas ligadas à justiça racial.
Aplicado corretamente, o conceito de ESG pode levar a mudanças positivas, seja no âmbito ambiental, social ou de governança. Entretanto, se for entendido apenas como um modo de a empresa se destacar em seu meio, ele pode servir meramente de fachada, não implicando investimentos realmente significativos nessas áreas tão importantes para o desenvolvimento de uma corporação.
Empregos verdes
Pesquisas do Boston Consulting Group (BCG) indicam que, até 2030, haverá uma lacuna de aproximadamente 7 milhões de profissionais na área dos empregos verdes. De acordo com o levantamento, esse abismo pode culminar em um aumento médio da temperatura em 0,1°C, prejudicando não só o meio ambiente, mas toda a humanidade.
A lacuna é ainda mais notável nos ramos da energia solar, eólica e de biocombustíveis. A falta de mão-de-obra nesse setor é especialmente estranha quando se entende que os empregos verdes pagam cerca de 7% a mais do que os demais, na média, segundo o FMI.
O termo “emprego verde” foi criado em 2009, momento em que a expressão foi utilizada pela primeira vez em um estudo da Organização Internacional do Trabalho em parceria com o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente.
Trata-se do documento “Empregos Verdes: trabalho decente em mundo sustentável e com baixas emissões de carbono”, em que o termo é apresentado ao leitor. Hoje, a expressão “emprego verde” serve para classificar aquela profissão que envolve atividades, produtos ou serviços capazes de mitigar impactos ambientais, estabelecendo uma relação entre mercado e sustentabilidade.
Assim, são considerados empregos verdes funções como consultor de energia, engenheiro florestal e biólogo, por exemplo. Dessa forma, postos de trabalho que preservam o ecossistema, reduzem o desperdício de materiais e ampliam o uso de recursos renováveis são caracterizados como verdes.
Demanda global
É inegável que o número de empregos ligados à economia verde está crescendo. De acordo com estimativas da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico, Inovação e Simplificação, em parceria com a Secretaria Municipal de Fazenda e Planejamento, a cidade do Rio de Janeiro conta com 183,7 mil postos relacionados a esse tipo de atividade.
Ao total, os empregos verdes representaram quase 9% do total de vagas formais na cidade – o que ainda é pouco, mas certamente aponta para uma crescente em relação aos últimos anos.
Prova disso é o estudo pioneiro “Construindo um Futuro Sustentável: Examinando o Potencial de Criação de Empregos em Eletricidade, Aquecimento e Armazenamento em Edifícios com Baixo Carbono”, da Schneider Electric em parceria com a Universidade de Boston.
Segundo o documento, mais de dois milhões de vagas podem ser criadas na Europa e nos Estados Unidos via adoção de tecnologias de energia limpa em edifícios novos e reformados.
O estudo foca na geração de empregos verdes ligados apenas à instalação de painéis solares, bombas de calor e baterias de armazenamento de energia para a produção de energia renovável em edifícios residenciais, hospitais, hotéis, escritórios, no varejo e na educação da América do Norte e nos continentes europeu e asiático.
A geração de empregos verdes está em alta pelo mundo. Pesquisas apontam para a sua importância para o meio ambiente e consequentemente para a humanidade, motivo pelo qual mostra-se necessário investir em sua criação e manutenção pelo planeta no futuro próximo – antes que seja tarde demais para que tenham efeito.