Após quebrar recordes de temperatura por seis meses consecutivos, o ano de 2023 foi confirmado como o mais quente registrado na história, de acordo com o Copernicus, serviço de clima da União Europeia.
A análise mostrou que a média global ficou 1,48°C mais quente do que em comparação a níveis pré-industriais. Em 2024, os resultados podem ser ainda piores. Para o Met Office, serviço de meteorologia do Reino Unido, este será mais um ano recorde.
Apesar dos dados serem impactantes, eles não são uma surpresa para os pesquisadores. Em 2023, quase metade dos dias ultrapassaram o aumento de 1,5°C, meta estipulada no Acordo de Paris, o principal tratado climático internacional. Além disso, dois dias em novembro registraram, pela primeira vez, a elevação de 2°C.
“Os extremos que observamos nos últimos meses fornecem um testemunho dramático de quão longe estamos agora do clima em que a nossa civilização se desenvolveu. Isto tem consequências profundas para o Acordo de Paris e todos os esforços humanos”, comentou o Diretor do Copernicus, Carlo Buontempo.
Os motivos para as ondas de calor são conhecidos. Entre eles estão o El Niño, que causa o aquecimento anormal das águas do Oceano Pacífico. O fenômeno deve terminar por volta de abril, segundo a Organização Meteorológica Mundial (OMM). Além disso, o constante aumento de gases de efeito estufa sendo jogados na atmosfera também é um dos motivos para o calor intenso.
De acordo com o estudo, as concentrações de gases de efeito estufa, como dióxido de carbono e metano, aumentaram nos últimos anos e atingiram os níveis mais altos já registrados na atmosfera em 2023.
Como foi visto ao longo do ano anterior, os aumentos bruscos nos termômetros podem acelerar os riscos de eventos climáticos extremos, como as enchentes no Sul do Brasil e a seca no Norte.
Atualmente, o mundo está 1°C mais quente do que o período pré-industrial. Mas, para ultrapassar os limites estabelecidos no Acordo de Paris, seria necessário que a anomalia de temperatura média fosse ultrapassada por, no mínimo, 20 anos.
Caso os termômetros continuem subindo por todo esse tempo, poderia comprometer a meta estabelecida no Acordo de Paris, tornando o compromisso de frear as alterações climáticas causadas pelo ser humano insuficiente. “As temperaturas durante 2023 provavelmente excederão as de qualquer período pelo menos nos últimos 100.000 anos”, afirmou a vice-diretora do Copernicus, Samantha Burgess.